segunda-feira, 20 de julho de 2015

Memórias de Criança...

A minha vida no mundo das bicicletas começou já bastante tarde. Digo tarde pois quando era mais novo já todos os meus amigos tinham uma bicicleta.
Na altura a moda era ter uma BMX com um amortecedor no quadro, ainda não havia as "bicicletas de montanha" com mudanças.
Tal como outro miúdo, quando tinha 6 anos o que mais queria era ter também uma bicicleta, mas ela apenas apareceu já eu tinha os meus 8 ou 9 anos (já não sei precisar exactamente). mas da bicicleta dessa lembro-me totalmente. Era uma BMX vermelha e branca, com um amortecedor a meio do quadro (um já bastante melhor do que as bicicletas dos meus amigos na altura (quer dizer lá está eu pensava que sim...era minha e por isso era melhor).
Ainda me lembro de nessa altura o meu pai me ensinar a andar de bicicleta no pátio, local onde vivi as minhas primeiras aventuras a duas rodas (sim a duas rodas, nunca fui daqueles de usar as rodinhas de lado, achava que já sabia tudo).

Graça a essa mania mandei muito tralho, esfolei muito joelho. Depois lá fui ganhando o jeito e foi ai que começaram as aventuras.

Eram as voltas na estrada, no pátio e no ringue da escola. Os saltos improvisados no pátio do vizinho. O jogo do encosto para ver qual o ultimo em cima da bicicleta.

Os anos foram passando e os meus amigos compraram as "bicicletas montanha", cheias de mudanças, maiores, mais apelativas ao olhar e lá continuava eu com a minha velhinha BMX de amortecedor já gasto de tanto mal trato que lhe dava. Mas era a minha e por isso melhor que a deles.

Nessa altura as aventuras começaram a ser outras. A idade era outra e os desafios começavam a ser mais interessantes. Nessa altura começamos a andar apenas no pinhal (mato). Durante as férias saíamos de manhã com uma mochila às costas e andávamos todo o dia na "rambóia" a explorar novos caminhos e a esticar cada vez mais a distancia percorrida.

Como devem perceber para mim acompanha-los era sempre um esforço. Eles com várias multiplicações e eu com a minha "Single Speed". As subidas faziam as pernas arder com o esforço, mas nunca desistia, pois não queria ficar atrás. Algumas não conseguia e lá tinha de ir a pé a puxar a minha "burra" estrada acima.

Mal eu sabia nessa altura que o fim da minha velhinha BMX estava próximo. Um belo fim-de-semana resolvemos ir a uma pista de "cross" dar uns saltos (diria antes, tentar dar uns saltos) para mostrar que sabíamos fazer coisas engraçadas. Foi nesse fim-de-semana que a rodinhas morreu para este mundo. Numa das minhas tentativas para passar dois saltos seguidos, correu mal e eu bati com a roda da frente na subida do ultimo salto e parti o guiador, a forquilha e o amortecedor. Para além disso empenei as duas rodas (ainda mais do que já estavam) e rebentei o pneu da frente. Muitos diriam que o meu dia tinha terminado por causa daquele malho, mas não, encostei a bicicleta ao lado da pista e fiquei a ver o resto dos meus amigos aos saltos. Até que me emprestaram a bicicleta para eu fazer umas voltas.

Depois desta aventura fiquei um ano ou mais sem ter bicicleta. Castigo do meu pai por ter estragado a velhinha BMX (sim os pais por vezes não entendem que as coisas são para ser usadas e por vezes estragam-se). Passado esse tempo lá me compraram uma "montanha". Uma Esmaltina, com 18 velocidades. E lá voltei eu ao mesmo de sempre. Verão inteiro de bicicleta, idas para o rio, trilhos pela zona. Piqueniques no meio do nada, apenas porque apetecia. Eram tempos onde a bicicleta nos acompanhava para todo o lado.

Depois veio o final do secundário e a faculdade e aos poucos a bicicleta começou a ficar de lado (já estava toda partida, mas toda remendada por mim (via muito McGuiver na altura)). O bichinho começou a desaparecer aos poucos. Os interesses começaram a ser outros e o voleibol que sempre acompanhou a bicicleta começou a vencer a a exigir mais tempo.

Passado alguns anos o voleibol também terminou e eu comecei a trabalhar, pelo que o tempo para o desporto resumia-se a umas "futeboladas" semanais com os amigos (normalmente duas vezes por semana). Mas com o passar dos anos, sentia falta de algo mais, até que em 2010, decidi comprar uma bicicleta nova. Comecei por adquirir uma bicicleta a que os "profissionais" das bicicletas chamam amigavelmente de "Bicicletas de Supermercado". Comprei então uma RockRider 8.1 na Decatlon. Optei por esta bicicleta, porque tinha bom material (antes de comprar pesquisei imenso sobre os materiais das bicicletas da altura, para assim perceber qual a relação qualidade/preço que havia de procurar) e porque não era assim tão cara, comparando com outras marcas, e tinha receio de ela mesma terminar encostada na garagem a ganhar pó. Devo dizer que a bicicleta era fenomenal, dava para tudo o que eu gostava de fazer (na altura servia apenas para uns passeios à beira-mar e pouco mais) e quando o terreno começou a ser mais exigente também respondia bem às solicitações.

Como devem perceber o bicho pela bicicleta começou novamente a surgir e os passeios de 20km à beira-mar depressa foram trocados por trilhos no meio do "monte".

Mas essa transição conto-vos mais tarde...